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Mamãe, eu sempre quis ser criativo

Um dia desses, conversando com amigos sobre a crise sanitária e como as coisas andam mal, levantei uma questão: Lembra quando você era um aluno na escola e, depois daquela aula longa sobre logaritmo, você perguntava para o seu colega ao lado algo do tipo legal, mas o que eu faço com isso que aprendi?


Acredito que estamos vivendo algo semelhante.


Kevin Kelly, um dos futuristas mais renomados do mundo, faz uma importante observação em seu livro The Inevitable quando diz que “desde o iluminismo e a invenção da ciência, conseguimos criar um pouco mais do que destruímos ano a ano. E essa pequena diferença percentual positiva, criada pela ciência e tecnologia, acumula-se ao longo das décadas para compor o que chamamos de civilização. Seus benefícios, porém, jamais ganham holofotes.”


Desde a época das cavernas, usamos ciência e tecnologia para melhorar nossa qualidade de vida. Se não fosse por elas, ainda estaríamos morando em cavernas e comendo carne crua. Uma das definições que mais gosto é a que conceitua a tecnologia como o domínio das possibilidades. Pense sobre isso um segundo... Se a tecnologia é o domínio das possibilidades, deveríamos viver como deuses!


Eu mesmo sou um especialista em tecnologias e há anos ajudo empresas com seus projetos de inovação, indicando as tecnologias certas para que elas resolvam seus problemas.


A pandemia é um baita problema, então deveríamos utilizar a mesma lógica, certo?

Quando olho para nossos governantes e autoridades locais, raramente encontro entre eles, entusiastas no assunto. Não raro escuto conversas onde parece divertido falar coisas como “eu não entendo nada de tecnologia” ou “todo mundo sabe que o pessoal da segurança não é muito entendido do assunto tecnológico” e por aí vai.


Enquanto estava escrevendo, meu filho de 11 anos me observava e lia trechos na tela. De repente ele parou e me fez uma pergunta intrigante: “Papai, você pode dar um exemplo disso aí que você escreveu? ” E eis aqui o melhor que conseguir bolar, enquanto almoçávamos juntos:

Imagine que você se encontra viajando em um ônibus cheio de pessoas, mas que por alguma razão esse ônibus anda muito devagar. A razão disso é porque o motorista não sabe que tem que avançar as marchas do ônibus para que a velocidade aumente ou seja, ele não conhece todas as ferramentas à sua disposição. Diante da situação, alguns xingam o motorista, alguns ficam calados, enquanto outros falam que nunca mais vão pegar um ônibus com esse motorista. Lá no fundo, no entanto, um pequeno grupo que sabe da existência da marcha, tenta desesperadamente falar com o condutor desse ônibus. E adivinhe o que aconteceu quando finalmente chegaram até ele? O que geralmente acontece: “Eu sou o motorista, eu sei o que estou fazendo”.


A maior invenção dos últimos 200 anos não foi um dispositivo ou uma ferramenta em particular, mas sim a criação do próprio processo científico, porque uma vez que inventamos a metodologia para a ciência e incorporamos novas tecnologias, pudemos começar a criar milhares de outras coisas incríveis.


Então adoraria poder mostrar aos “motoristas de ônibus” como a questão da fiscalização das aglomerações poderia ser resolvida em poucos dias com uso da tecnologia. Como o distanciamento social seguro poderia ser garantido com uma simples máscara inteligente e como ferramentas como a Internet das Coisas e a Inteligência Artificial poderiam evitar que tivéssemos que tomar decisões tão difíceis, como as que estamos tomando agora.

Não dá mais para olhar o colega ao lado e dizer algo do tipo: “legal, mas o que eu faço com isso que aprendi?”


Tecnologia transforma! “Você pode citá-la; discordar dela; glorificá-la ou difamá-la. Mas a única coisa que você não pode fazer, é ignorá-la. Porque ela muda as coisas. Ela empurra a raça humana para frente...” E isso não é apenas “para os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os que são peças redondas nos buracos quadrados. Os que veem as coisas de forma diferente”, como citou Steve Jobs. Isso é para mim e para você, independentemente de você pertencer a geração W, X, Y, Z, ALPHA ou QCID (Qualquer coisa que inventem depois).


Então para finalizar deixo aqui uma passagem do livro Criatividade no Trabalho e na Vida que resume bem o sentimento de alguns colegas das áreas de ciência e tecnologia com quem tenho falado ultimamente:

“Mamãe, eu sempre quis ser criativo, mas cada vez que chegou a hora, papai me mandou tirar os cotovelos de cima da mesa”.

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