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Foto do escritorOrlan Almeida

Será que Brasília é uma cidade inteligente? Não. Mas podemos chegar lá...



Semana passada fiz algo que não faço há muito tempo por conta da pandemia: Fui a uma pastelaria! Eu sei, pode parecer exagero, mas a verdade é que há um bom tempo não me sinto à vontade para comer e beber em um local público, sem a preocupação que todos estão tendo (ou deveriam ter). Se você não é de Brasília, por aqui temos uma pastelaria tradicional chamada Viçosa. Se você é de Brasília, não me refiro àquela da Rodoviária, com pastéis que só estômagos de jovens estudantes resistem. Mas sim, a um lugar charmoso ali na Asa Norte, que por acaso também se chama Viçosa, mas em uma versão 2.0, digamos assim.


Enquanto aguardávamos o pastel (afinal é sempre bom ter um comparsa para essas horas), uma amiga e eu conversávamos sobre como saímos de uma era onde as pesquisas eram em enciclopédias para os dias de hoje, com smartphones, Google e tudo mais. Eu tinha acabado de publicar um artigo sobre a falta de entusiastas em tecnologia, entre as autoridades locais, e discutia com ela como o comentário de um jovem tinha me chamado a atenção. Dizia ele: “no que se refere à tecnologia, me sinto principalmente analógico. Gosto das soluções presenciais”.


Um fato interessante é que nunca na história se usou tanto a tecnologia para aproximar as pessoas, sobretudo em tempos de isolamento e pandemia. No entanto, por alguma razão, ainda vemos a tecnologia como algo virtual e distante, como se não fizesse parte do dia a dia das pessoas. A boa notícia é que, felizmente, alguns de nós acompanhamos com mais entusiasmo toda essa transformação. Então se ajeite na cadeira porque vou te contar o que aconteceu nos últimos anos!

Vivemos em uma era em que há uma mudança na forma como a gente decide o que fazer a partir da disponibilidade de plataformas digitais. Isso porque elas permitem outros tipos de comportamento. E o que são plataformas digitais senão os serviços tecnológicos que temos à nossa disposição, como smartphones, sites de compras online, aplicativos de transporte e por aí vai... Podemos seguramente chamar esse momento de a era da transformação estratégica, uma vez que estamos revendo a forma como fazemos as coisas, estrategicamente falando. Por outro lado, como essa avaliação está sendo guiada pelas inovações digitais, podemos concluir que essa junção de transformação estratégica com inovação digital te leva a um termo da moda, que certamente você não sabia o que era até agora: Transformação Estratégica + Inovação Digital = Transformação Digital. Dentro desse contexto, é redundante falar que não podemos esquecer as pessoas, uma vez que que elas é que ditam o ritmo das novas plataformas digitais.

Talvez você não soubesse, mas a palavra tecnologia, do ponto de vista etimológico, pode ser conceituado como um conjunto de técnicas (do grego antigo tekhne) e maneiras de alterar o mundo de forma prática (logia), com o objetivo de satisfazer às necessidades humanas. As tecnologias primitivas envolvem a descoberta do fogo, a invenção da roda, a escrita, dentre outras. As tecnologias medievais englobam invenções como a prensa móvel, as grandes navegações que permitiram a expansão marítima e por aí vai. Só a partir do século XX, destacam-se as tecnologias de informação e comunicação, a utilização dos computadores, o desenvolvimento da internet etc. Então, perceba que tecnologia não é apenas analógica ou digital. É uma ferramenta milenar! E foi com essa ferramenta que chegamos até aqui.


A coluna Brasília Inteligente nasce com o propósito de apresentar um pouco mais sobre esse universo, mas em uma linguagem acessível sempre que possível, sem os tradicionais jargões técnicos que alguns insistem em usar. Porque uma cidade inteligente, por definição, é aquela que adota tecnologia em massa na melhoria da qualidade de vida das pessoas. E para os que insistem na expressão “cidades inteligentes não é só tecnologia” gostaria de lembrar que é impossível dissociar a tecnologia do ser humano, uma vez que tirando alguns primatas superiores, toda tecnologia do mundo é feita por pessoas e com objetivo de beneficiar, mais uma vez, as pessoas.


Brasília não é uma cidade inteligente porque ainda não dá a atenção suficiente as novas soluções digitais que têm surgido. Por outro lado, todos nós como cidadãos temos a capacidade de torna-la mais inteligente, pois conscientes das novas ferramentas que existem, podemos apoiar e/ou pressionar nossos governantes a usar essas novas tecnologias na melhoria da qualidade de vida da população. Afinal, como costumo dizer “quem não conhece furadeira, vai sempre tentar por um parafuso na parede a marteladas”.

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